sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Demitir - Alívio ou desespero?



Por: Janete Moreira

- Que estamos vivendo a primeira grande crise da nossa geração isto ninguém pode negar.


Nos corredores das grandes e pequenas empresas ouvem-se os burburinhos de que uma “grande leva” de funcionários está em eminência de ser demitido. O pânico se instala... O trabalho já não flui naturalmente nem com tanto prazer como antes. Final do expediente recolhe-se os pertences como se fosse a última vez, a noite o sono que não chega pra nos dá um pouco de descanso da pergunta que não quer calar: “Estarei eu na lista de demitidos?... Será que sou um funcionário descartável? Até que ponto sou imprescindível pra minha empresa? Quais serão os critérios utilizados para a demissão? E por ai vai!

Enquanto isso os empregadores que já estão sofrendo com a crise ainda se martirizam com uma questão tão delicada quanto ter que demitir alguém que sempre lhe serviu com dedicação e o que é pior... Trabalha porque precisa muiiito!

Os cortes hoje já não se resumem em separar o “joio do trigo”. Sabemos que entre o “joio” (profissionais considerados não-satisfatórios, que certamente deixarão a empresa) e o “trigo” (profissionais excelentes, que certamente serão mantidos), existe uma massa de funcionários que certamente serão afetados pela crise e que provavelmente terão que ser demitidos. Esses funcionários que mesmo não sendo os profissionais mais especializados do mundo, fazem sua tarefa com tal dedicação que acabam se aproximando demasiadamente do “trigo” é que tiram o sono daqueles imbuídos dessa árdua tarefa.

Tem que haver critérios ou como diz o jargão popular “Tem que haver seleção!”

E pra que haja uma seleção ‘justa’, que não penalize ainda mais alguns servidores que em decorrência de fatores naturais ou alheios a sua vontade tenham suas vidas arruinadas em decorrência dessa demissão.

Com essa preocupação foi que procurei pesquisar algumas dicas que poderão ajudar o “algoz” a executar seu papel sem ficar com aquela ressaca moral típica de quem cometeu uma injustiça. Portanto, fiquem atentos as dicas abaixo, mas não deixe de usar além do senso comum o seu senso de justiça.

COMO SÃO (OU DEVERIAM SER) OS CORTES


De acordo com os consultores de RH

1º A empresa define sua organização ideal (se planeja uma reestruturação) ou identifica que mudanças vão causar menos impactos nos resultados (se a idéia é reduzir custos);

2º É feito o desenho de custos e das competências técnicas e comportamentais para cada cargo;

3º Definem-se quantas posições precisam ser eliminadas ou que valores (em salários e benefícios) precisam ser cortados;

4º São avaliados o desempenho, as competências e o potencial dos funcionários;

5º Avaliam-se os aspectos comportamentais. Dificuldades de relacionamento e inflexibilidade contam pontos negativos;

6º São identificados os funcionários excelentes (que certamente ficam), os não-satisfatórios (que certamente saem) e um grupo intermediário;

7º Eliminam-se os empregados de pior desempenho, menor potencial, que menos se encaixam no perfil comportamental da empresa e que têm menos competências;

8º Alguns critérios pessoais podem ser usados como desempate, no caso de funcionários igualmente competentes:

Solteiros x casados: exceto em situações que exigem grande disponibilidade para viagens, os casados costumam ser privilegiados, pois teoricamente têm uma família para sustentar;

Novatos x velha guarda: quem tem mais tempo de casa costuma ser valorizado, desde que não esteja prestes a se aposentar;

Altos salários x pisos: se o problema for de custo, pode ser demitido aquele que ganha mais do que os colegas de função; no entanto, se há um reposicionamento, manter os mais caros pode ser mais estratégico;

9º Caso as contas não "fechem" com a dispensa dos não-satisfatórios, novas "vítimas" são buscadas no grupo intermediário

DESVIOS: No meio do processo, pode haver a interferência de aspectos pessoais, abrindo espaço, por exemplo, para decisões baseadas em ter ou não a simpatia de quem decide


Fonte: Folha de São Paulo, Folha Empregos, 03 de Agosto de 2003, p. F8.




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