terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Criminalidade No asfalto - Quem Olhará Por Nós



Por: Janete Moreira


Bem que a Dona Dora me avisou!

“A bandidagem está a solta! Hoje temos que ter dois tipos de coragem: Uma pra sobreviver e a outra pra viver”, comenta uma funcionária horrorizada com a onda de violência que inunda o país.

Então... Ontem fui abordada violentamente por quatro marginais fortemente armados. Graças à trava elétrica, os mesmos não entraram no carro e me fizeram refém, o que já seria considerado “Sequestro relâmpago” [Palavra inserida em nosso dicionário nos últimos três anos, e que se tornou costumeira até pra os 'pobres' mortais como eu].

Foi assim que Eles armados e histéricos gritavam:"Passa tudo!" e Eu a contragosto e tentando aparentar calma vi-me obrigada a entregar minha bolsa recheada de coisas que farão falta.
Mas que com toda a certeza, farão menos falta que minha vida. Enfim... Estou salva, mas não estou sã!

Esforço-me pra voltar à rotina, esquecer o ocorrido. Mas isso independe da minha vontade!

Dormindo tenho pesadelos draconianos que me tiram o sono por horas. Acordada receio desenvolver uma paranóia justificada.

Logo eu! Sempre tão leve e despreocupada.

É de minha natureza fazer graça de tudo. Tentei fazer comentários jocosos ao relatar o ocorrido para descontrair, mas a idéia de ter meus filhos e futuramente minhas netas nas ruas expostos a esse tipo de coisa, é extremamente angustiante e me tira o humor ensaiado.

Sinto que alguma coisa está profundamente errada na política de segurança pública da minha cidade e quiçá do Brasil. E como se não bastasse, desconheço soluções a curto prazo.

Questiono onde e como estão sendo empregados nossos impostos? Quem olhará por nós? Como viverão as futuras gerações? E concluo que ninguém tem essas respostas.

Tenho um palpite que vai muito além da explícita desigualdade de distribuição de renda:
Não seria a explosão demográfica desenfreada e mal assistida a vilã nesse processo? Se for esse o caso, porque não aprendemos com os erros dos outros e implantamos um programa sério e eficaz de controle de natalidade?

Daqui do meu cantinho, observo que apesar de a própria sociedade teutônica exigir que o Estado apóie crescentemente a vida familiar, isso não acontece de forma efetiva no Brasil.

Acredito que a concomitância entre vida familiar e trabalho deveria ser prioritária em uma reforma da política no país. Pois, há décadas, cada vez é mais comum, que as mulheres digam que querem as duas coisas: filhos e trabalho. Enquanto, nos países mais antigos como a Alemanha, onde essa mesma opção já gerou uma desorganização social sem precedentes, ironicamente, temos hoje suas mulheres, menos dispostas a renunciar aos filhos em favor de sua carreira profissional.

O que me leva a crer, que sabiamente deveríamos aprender com elas, que retroceder é preciso em nome da preservação da humanidade, da paz e de nossa sanidade.

"Olhai as crianças do nosso Brasil!"